O que é Notação Big O em programação e análise de algoritmos

Notação Big O

A notação Big O é um conceito matemático normalmente empregado para medir o custo de um algoritmo. É uma forma simples de classificar a complexidade computacional de um algoritmo.

No geral, significa encontrar uma função que relacione o tamanho da entrada de um algoritmo com o número de passos necessários à sua execução (complexidade temporal) ou quantidade de espaço de armazenamento que ele emprega (complexidade espacial).

Comumente a função que descreve a performance de um algoritmo se refere ao seu limite superior, que determina o pior caso (de entrada de dados) do algoritmo.

Em ciência da computação, a notação Big O é empregada para classificar algoritmos de acordo com seu tempo de execução / número de passos (custo) ou requisitos de espaço, conforme a entrada de dados aumenta.

Análise de Algoritmos, termo cunhado pelo cientista da computação Donald Knuth (autor de The Art of Computer Programming), é o processo de encontrar a complexidade computacional de um algoritmo.

Complexidade computacional se refere à quantidade de tempo, armazenamento ou outros recursos necessários para a execução de um algoritmo.

Em outras palavras,  usamos essa notação para indicar quanto tempo algo demorará para executar, ou o espaço que ocupará na memória, dado uma quantidade N de dados a serem manipulados.

Qual a importância de saber isso? Vai te permitir desenvolver software muito melhor porque você irá entender como é possível melhorar a performance do programa, tornando-o mais eficiente e escalável, sem complexidade adicional.

Se um projeto precisa usar um algoritmo específico, é importante entender o quão rápido ou lento ele é em comparação com outras alternativas.

Definição Formal de Big O

A seguir temos uma definição formal da notação Big O, retirada da Wikipedia:

“A notação Big O é uma notação matemática que descreve comportamento limite de uma função quando o argumento tende a um valor em particular ou ao infinito.”

Trata-se de uma notação membro de uma família de notações inventadas por Paul Bachmann, Edmund Landau e outros, chamadas em conjunto de Notação Bachmann-Landau ou ainda Notação Assintótica.

Curiosidade: A letra ‘O’ vem da palavra em alemão Ordnung, com o significado de Ordem (de aproximação).

O Big O se foca no cenário de pior caso no qual o algoritmo consome o maior tempo (ou recursos) para executar. Isso significa que o algoritmo nunca irá demorar MAIS que esse cenário – mas pode demorar MENOS em determinadas circunstâncias.

Perceba que essa notação serve para calcular o tempo máximo que irá demorar a execução do algoritmo (em termos de custo), mas o tempo real pode ser menor. Por exemplo, uma busca linear em um array pode encontrar o item na primeira posição pesquisada, como se fosse O(1) (melhor resultado).

Assim, o Big O sempre se refere ao pior resultado possível.

Note que o Big O serve para algoritmos escritos em qualquer linguagem de programação e sempre é calculado da mesma forma.

Observação importante: essa notação NÃO nos informa a velocidade de um algoritmo em segundos, pois existem muitos fatores que podem influenciar essa velocidade, como por exemplo o hardware empregado para executar o algoritmo. Usamos o Big O para comparar algoritmos entre si.

Funções e Complexidade

Na notação Big O, a letra “n” representa o tamanho da entrada, enquanto a função “g(n) = n”, associada ao “O()” nos informa a complexidade do algoritmo em relação ao tamanho dessa entrada.

Sendo assim, podemos ter algoritmos classificados de acordo com seu nível de complexidade, como segue:

  • Complexidade Constante: O(1)
    Não importa a quantidade total de dados acessados, o tempo de acesso é sempre 1, ou seja, sempre o mesmo custo para acessar qualquer um dos dados no conjunto. Exemplo: acesso a um elemento de um array.
  • Complexidade Linear: O(n)
    O acesso a um elemento demora o tempo equivalente à quantidade de dados da coleção. Exemplo: busca linear de um dado em uma lista ou array não ordenado – o algoritmo, no pior caso, tem de procurar em até n elementos, caso o dado buscado ser o último ou inexistente.
  • Complexidade Logarítmica O(log n) 
    Sua performance aumenta drasticamente conforme a quantidade de elementos aumenta. Exemplo: árvores de busca balanceada ou algoritmos de busca binária em arrays. Sua performance se aproxima comumente do O(1).
    Geralmente os dados precisam estar classificados (ordenados) de alguma forma.
  • Complexidade Linearítmica: O(n log n)
    É uma combinação das complexidades linear e logarítmica. Algoritmos que usam estratégias do tipo dividir e conquistar são linearítmicos, como os algoritmos de classificação Merge Sort e Heap Sort.
  • Complexidade quadrática O(n2)
    Complexidade na qual o custo computacional cresce de acordo com o quadrado da quantidade de elementos de entrada. Exemplo de algoritmo: Algoritmos de classificação como Bubble Sort, Insertion Sort ou Selection Sort. 
  • Complexidade polinomial (nc)
    A quantidade de operações é proporcional à potência c do tamanho da entrada (engrada elevada a um valor c).
    Exemplo: Encontrar o determinante de uma matriz usando Decomposição LU.
    Um caso especial de complexidade polinomial é a complexidade quadrática, na qual c = 2.
  • Complexidade fatorial O(n!).
    Uma das piores complexidades em termos de custo. O tempo necessário para execução do algoritmo cresce astronomicamente conforme aumenta a quantidade de dados de entrada.
    Exemplo: Encontrar o determinante de uma matriz usando o Teorema de Laplace

Alterar a complexidade de um algoritmo, por exemplo de linear para logarítmica, pode fazer com que a aplicação tenha uma performance milhões ou até bilhões de vezes maior.

O gráfico a seguir mostra uma comparação entre diversos níveis de complexidade, relacionando o número de operações necessárias para realizar uma tarefa de acordo com a quantidade de elementos de um conjunto de dados:

Gráfico da Complexidade de algoritmos em notação Big O

Crescimento da Complexidade de Algoritmos.
Fonte: https://www.bigocheatsheet.com/

Comparação de algoritmos com Big O distintos

Imagine que um algoritmo de busca linear de O(n) demore 1 ms (um milissegundo) para realizar uma operação, ao passo que um algoritmo de busca binária d O(log n) também demora 1 ms para realizar a operação.

Quantas operações serão necessárias para realizar n operações com cada algoritmo? A tabela a seguir mostra alguns valores calculados:

Núm. de Elementos
no Conjunto
Busca Linear: O(n) Busca Binária: O(log n)
10 10 ms 3 ms
100 100 ms 7 ms
10.000 10 s 14 ms
1.000.000.000 11 dias 32 ms

Perceba que o algoritmo de busca linear tem um aumento de custo computacional muito mais elevado do que o algoritmo de busca binária considerado.

Para conjuntos com poucos elementos a diferença entre eles é pequena, porém conforme aumentamos a quantidade de dados de entrada os algoritmos começam a se comportar de forma muito diversa.

No exemplo, para conjuntos pequenos de dados praticamente não há diferença entre usar um algoritmo ou outro, mas para conjuntos grandes o emprego do algoritmo de complexidade O(log n) é imprescindível.

Em suma, o tempo de execução para cada algoritmo não cresce na mesma proporção. Por isso é importante saber o Big O de cada algoritmo – assim é possível escolher o melhor a usar em cada caso.

A tabela a seguir mostra alguns algoritmos populares de ordenação de arrays (vetores), com suas complexidades de tempo e espaço na notação Big-O:

Algoritmo Complexidade temporal Complexidade espacial
Selection Sort O(n2) O(1)
Insertion Sort O(n2) O(1)
Bubble Sort O(n2) O(1)
Heapsort O(n log n) O(1)
Mergesort O(n log n) O(n)
Quicksort O(n2) O(log n)
Tree Sort O(n2) O(n)

Outras Notações de Complexidade Algorítmica

Além do Big O, existem outras notações que podem ser empregadas para determinar o custo computacional de algoritmos, geralmente se focando em fatores distintos. Algumas delas são:

  • Notação Omega (Ω()): descreve o limite inferior da complexidade
  • Notação Theta (Θ()): descreve o limite exato da complexidade
  • Notação Little O (o()): descreve o limite superior, porém excluindo o limite exato.

Resumo

  • Conhecendo o Big O de um algoritmo, saberemos qual a performance e eficiência de acordo com o volume de informações que entram.
  • Quando comparamos algoritmos distintos que resolvem o mesmo problema, por meio do Big O podemos determinar qual deles é o mais eficiente.
  • De forma bem simplificada, o Big O nos diz quantas operações um algoritmo precisa realizar para completar sua tarefa.

Referências

  • Erickson, J. Algorithms. 1ª edição, 2019. Disponível para download em http://jeffe.cs.illinois.edu/teaching/algorithms/
  • Sedgewick, R.; Wayne, K. Algorithms. 4 edição, 2011. Editora Addison-Wesley Professional.
  • Cormen, T.H.; Leiserson, C.E.; Rivest, R.L. Introduction to Algorithms. 3ª edição, 2009. Editora MIT Press.
Sobre Fábio dos Reis (1194 Artigos)
Fábio dos Reis trabalha com tecnologias variadas há mais de 30 anos, tendo atuado nos campos de Eletrônica, Telecomunicações, Programação de Computadores e Redes de Dados. É um entusiasta de Ciência e Tecnologia em geral, adora Viagens e Música, e estuda idiomas, além de ministrar cursos e palestras sobre diversas tecnologias em São Paulo e outras cidades do Brasil.
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